terça-feira, 14 de julho de 2015

MENSAGENS DE COMPORTAMENTO

Ciúme sadio ou ciúme doentio?

O ciúme pode externar-se por muitas formas de emoções como a ira, humilhação, ansiedade, tristeza, ódio, decepção e vergonha. Com elementos assim tão vagos e pessoais, o ciúme é um sentimento complexo, que desafia uma investigação científica. A ciência não duvida do ciúme. A psiquiatria reconhece certas formas extremas de ciúme como um tipo de paranóia (distúrbio mental caracterizado por delírios de perseguição e pelo temor imaginário de a pessoa estar sendo vítima de conspiração). Aliás, parece próprio do ciúme estar sempre associado a alguma forma de medo ou insegurança. Tipicamente a pessoa ciumenta precisa de constante reafirmação de seu amor-próprio. Em geral, ela desconfia de seu próprio valor e, por isso, tende a julgar que não é tão importante e nem bastante amada. Para muitos cientistas sociais o ciúme só aparece como efeito do processo pelo qual cada pessoa aprende a conviver com seus pares dentro da sociedade. Já muitos psicólogos estão convencidos de que se trata de impulso inato, talvez relacionado com o processo biológico de seleção dos parceiros.

O mais provável é que as duas classes de fatores – sociais e instintivos – possam determinar reações do ciúme. Nessa hipótese, a tendência ao ciúme seria impulso latente normal de toda pessoa. Mas a forma como a pessoa é educada, tanto poderia reduzir como também intensificar essa tendência.

O relacionamento amoroso leva a um instinto de posse – posse do corpo, das atitudes e do pensamento do(a) parceiro(a). Quando existe a posse de algo se tenta esconder, não expor, não ser visto ou tocado por outros, principalmente se este outro for do mesmo genêro. As atitudes de ciúme levam às vezes a prejuízos físicos e psicológicos irreparáveis, chegando até a castrações ou mutilações físicas. O prejuízo da resposta amorosa do casal estará sempre presente frente a atos de ciúmes intensos, que tira a liberdade de pensar e de agir do companheiro(a).

As mulheres são mais ciumentas?

O mito social leva a este pensamento, mas este julgamento talvez resulte de uma falsa interpretação dos fatos. Por exemplo, crimes passionais cometidos por mulheres ciumentas atraem muita atenção da sociedade. Isso pode sugerir que as mulheres estão mais sujeitas aos desatinos do ciúme. Mas, na realidade, entre cada dez homicídios cometidos por ciúme, apenas um ou dois são cometidos por mulheres. Também outro pensamento a favor de que as mulheres têm mais razões reais de ciúme é a idéia de que os homens são notoriamente infiéis. De outro lado, no casamento tradicional a situação da mulher é, tipicamente, de dependência material e moral. Dependência gera insegurança e insegurança gera ciúme. Segundo o psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, “Geralmente o ciúme masculino é de caráter sexual enquanto o feminino tem características afetivas. O homem teme ser “traído” e nessa postura estão inseridos a posse, a exclusividade, o tabu da virgindade e outras marcas da nossa cultura. Por outro lado ,o ciúme da mulher está ligado ao medo do homem se apaixonar por outra”.

A maioria dos psiquiatras diria hoje que a diferença entre ciúme sadio e ciúme doentio é uma questão de grau e de interpretação pessoal do observador. Alguns sugerem que o ciúme passa a ser doentio na medida em que chega a comprometer a satisfação de um relacionamento em diferentes aspectos: social, moral, e emocional. É evidentemente “doentio” sentir-se compelido a manter uma ligação que, em vez de oferecer tais satisfações, aprisiona a pessoa nos tormentos do ciúme.

Muitos maridos sentem ciúmes das amigas da mulher, assim como muitas mulheres sentem ciúmes dos amigos do marido. Em geral, esse tipo de ciúme não advém de nenhuma suspeita concreta de infidelidade.A causa do ciúme, nesses casos, provavelmente estará ligada à insegurança da pessoa ciumenta: ela sofre ansiedade por sentir-se excluída da ligação afetiva da pessoa amada com alguém.

É relativamente comum, por exemplo, que a mulher tenha ciúme da amizade entre o marido e uma companheira de infância ou dos tempos de solteiro. A mulher sabe que nunca poderá ter papel na história de vida que os dois comungam. Se não estiver convencida de seu próprio valor e da importância afetiva que tem para o marido, a mulher pode sentir-se vagamente ameaçada e ir acumulando hostilidade, consciente ou não, contra o marido, seu amigo ou ambos. Interessante é o seguinte aspecto: Quem provoca mais ciúme numa pessoa é o rival menos atraente do que ela. Como em qualquer outra competição, o rival mais dotado é sempre mais temido como ameaça; mas, de outro lado, é sempre mais humilhante ser vencido por um antagonista mais fraco. Se o marido a trair com uma mulher menos bonita, de condição social ou moral inferior, menos elegante ou inteligente, a mulher tenderá a sofrer mais ciúme do que se a rival for superior a ela no conjunto de qualidades.A personalidade da pessoa ciumenta apresenta características de timidez, sendo também relacionada com sentimentos de insegurança.

O tratamento do ciúme doentio é possível. Se a origem do ciúme for algum sentimento de inferioridade e de insegurança básica da pessoa, é possível melhorar a confiança dela em si mesma através das técnicas de psicoterapia e mediante atitudes corretas de apoio afetivo no meio familiar. Uma vez reduzido o sentimento de insegurança, talvez ela consiga alívio para a aflição do ciúme. Só quem confia em si mesmo pode confiar em outros, de modo que parece lógico começar pelo fortalecimento da autoconfiança.

A relação entre amor-próprio e ciúme varia de um genêro para outro. Quando uma mulher é ciumenta, na maioria dos casos ela já se sentia insegura ao iniciar-se a ligação; isto é, desde o começo ela não estava muito segura de seu próprio valor, tinha baixo autoconceito. Já entre homens é mais comum ocorrer o contrário: depois de estabelecida uma situação causadora de ciúme ele começa a sentir abalado o amor-próprio e passa a duvidar mais de suas qualidades.


Dr Celso Marzano – Urologista e Terapeuta

Pós graduado pela SBRASH e Professor da Faculdade de Medicina do ABC-SP




Aprendendo a lidar com a raiva 

“A raiva acaba por ser tornar uma fortaleza de defesa para quem se sente sem poder. A raiva é muito mais uma fuga dos próprios sentimentos”. Qual sua reação quando algo não acontece como gostaria? Ou diante de uma injustiça? Você consegue identificar as situações que o faz sentir raiva? Quando a sente, em geral você a expressa de alguma maneira ou a reprime? Como foi a última vez que teve um acesso de raiva? Caso tenha consciência do que gerou seu último acesso de raiva, será que era mesmo esse o motivo? Sabemos que a “raiva” deseja o que quer, quando quer e nas condições que quer, como se não houvesse o menor controle sobre ela. 

Descobrir a raiva em si pode indicar descobertas muito maiores e que devem ser reveladas, mas se não for explorada pode se tornar um grande obstáculo para investigar outras emoções mais profundas. A maioria das pessoas que fica zangada com freqüência pensa que conhece bem suas emoções, principalmente por causa de seus acessos. 

Quem sente raiva quase sempre acredita que a raiva em si seja um sentimento genuíno, o que nem sempre corresponde à verdade. Nem sempre sabem o que estão realmente sentindo além da raiva facilmente perceptível, que em geral devasta tudo que está no caminho, como se fosse um furacão, deixando apenas como conseqüência os prejuízos. Os acessos de raiva são experiências muito dolorosas, tanto para quem as sente, como para quem é alvo dela. Porém, em muitos casos, a raiva acaba por ser tornar uma fortaleza de defesa para quem se sente sem poder e faz o possível para enfrentar um mundo que para ela é assustador. 

Algumas situações de frustração podem fazê-lo querer provar de quem foi a culpa ou jurar vingança, quando na verdade podem ser expressões de desespero e desamparo. Lembre-se de alguma situação em que alguém o tratou assim, jurando que você iria pagar pelo que fez. Será que essa pessoa não estava se sentindo desamparada? 

Uma pessoa muito zangada, na verdade, está amedrontada e assim, ataca. Toda hostilidade tem origem no medo, no desespero, em não saber como agir e como defesa, acaba por atacar. A raiva parece gerar uma coragem além do que acredita ter, podendo se tornar tão compulsiva que resulta quase sempre em violência. A pessoa irada parece estar sentindo qualquer sentimento, menos medo, mas não só está com medo, como apavorada. Pavor de perceber que não é capaz de controlar tudo. E sentindo-se assim, também deve sentir muita dor, porém essa dor é negada. Ou seja, sob a raiva há a dor e sob essa dor há o medo. 

A dor pode ter sido causada por diversos motivos, a morte de alguém querido, a perda de um emprego, a falta de dinheiro para pagar as contas, um processo perdido, uma injustiça contra sua pessoa, o diagnóstico de uma doença, ter sido maltratado e quem o tratou assim não sentiu arrependimento, ou outros tantos fatores. 

Como essa dor foi desprezada e negada, acaba por ficar reprimida e necessita ser manifestada de alguma forma, sendo muitas vezes expressa em forma de raiva. A raiva pode ser uma dor que foi reprimida e, por ser tão intensa, se torna mais fácil ficar irado do que entrar em contato com a dor. 

Mas é preciso lembrar-se que a dor não desaparece com um acesso de raiva, muito pelo contrário, pode gerar mais dor pelas conseqüências que essa expressão pode causar. Quanto mais a dor é negada, maior e mais freqüente será a raiva, que é duplamente dolorosa. A dinâmica interior não é sua raiva, mas a causa da sua raiva. Essa é sua dor. Buscar essa causa é o que diminuirá de senti-la. Nem sempre quem o faz sentir raiva coincide com a causa da sua dor. A raiva é muito mais uma fuga dos próprios sentimentos. 

A raiva também se manifesta em situações de impotência, a qual faz com que você se considere sem valor, incapaz de fazer diferença para alguém. Se a dor perante os fatos for profunda, poderá ser encoberta pela raiva, que o faz agredir por não se sentir capaz de amar e assim rejeita o amor dos outros – e que tanto necessita – por não acreditar ser merecedor desse amor. 

A raiva impede o amor e isola a pessoa que a sente. É uma tentativa de afastar o que mais deseja: companhia e compreensão. No fundo acredita não ser capaz de ser entendido ou que não merece tal compreensão, tornando-se o primeiro a rejeitar qualquer possibilidade disso acontecer. O amor não ameaça forma alguma de vida, mas alimenta, apóia, busca acima de tudo a harmonia. 

Como lidar com a raiva 

Na próxima vez que sentir raiva, procure identificar se há medo ou dor por algo que aconteceu. Entre em contato com seus sentimentos, sem negar ou fazer que não os sente. Use sua raiva para descobrir mais sobre si mesmo. Ao se sentir com raiva, zangado por algo que ocorreu, pare o que estiver fazendo, falando ou pensando, opte por não gritar, atirar um objeto ou reagir com violência impulsiva, e volte sua atenção para o que estiver sentindo. 

Isso não será fácil, mas valerá o esforço. Canalize sua energia em sua consciência, que o impedirá de agir por impulso e busque explorar seus sentimentos, incluindo a dor que está sentindo. Nesse momento perceberá que ter um acesso de raiva irá desviar sua atenção da verdadeira causa: sua dor. Mas ao se confrontar com sua dor perceberá ser o caminho mais seguro para deixar de senti-la. 

Rosemeire Zago 

Nenhum comentário:

Postar um comentário