sábado, 7 de fevereiro de 2015

ESPIRITUALIDADE


Glória da Imortalidade

Medita a respeito da transitoriedade do carro orgânico, das suas contínuas transformações, do seu desgates á medida que nele te movimentas e serás induzido a pensar no que irá ocorrer após o fenômeno biológico da sua morte ou desestruturação molecular. Vives em um mundo onde ocorrem contínuas alterações das formas e dos conteúdos, que se modificam incessantemente, as mais grosseiras dando lugar a outras mais sutis num continuam sem fim.

Ao verdor exuberante do início sucedem-se as fases em que as alterações se apresentam inetitáveis, seguindo no rumo da consumpção do aspecto externo para dar lugar a outras vibrantes expressões. Por mais se arrastem as horas de sofrimento, sucedem-se os dias de ufanismo e de alegria a outros de reflexão e de pausa, obedecendo á lei inexorável das transformações a que tudo se submete.

Assim é a vida física: enganosa na aparência, rápida nas alterações profundas. Desse modo, um instante chega para tudo e todos em que o fluxo vital se interrompe e o casulo orgânico se desconecta, vitimado pelo fenômeno da morte, igualmente parte da vida. Nascer, viver, morrer são termos da mesma equação biológica e prosseguir vivendo é a fatalidade da Criação.

Por mais se recalcitrem ou se ignorem as incessantes alterações biológicas, elas prosseguem ocorrendo automaticamente, porquanto a vida é parceira da morte e esta é pórtico de entrada na Vida. A trajetória existencial não poderia ser de outra forma, tendo-se em vita a indestrutibilidade do ser, qur necessita experienciar diversas aprendizagens até alcançar o objetivo para o qual foi gerado a glória da imortalidade!

Lamentavelmente foram criados tabus e supertições em torno da sua realidade extracorpórea, tombando-se em torno da sua realidade extracorpórea, tombando-se em fantasias injustificáveis, em vãs tentativas de negar-se a sobrevivência ou envolvê-la em mistérios absurdos. Fosse analisada com a mesma naturalidade com que se consideram fenômenos orgânicos e mais fácil seria a aceitação da morte, não como fim, mas como etapa de transferência de uma para outra expressão de comportamento. 

Mais apegadas ás sensações do que ás emoções, as criaturas humanas desejariam que o carro material não cessasse o seu curso,sem dar-se conta da perversidade de tal conduta. Como seriam insuportáveis as dores e os processos degenerativos que tomam conta da matéria, não fossem interrompidos pela morte libertadora!Quando desesperadores se apresentariam as aflições morais e os desencantos emocionais, caso não houvesse o abrandamento da angústia mediante o processo da desencarnação!

A morte, desse modo,ao invés de ser a destruidora da alegria e do afeto, é o anjo amigo que interrompe os fenômeno circunstanciais e transfere o ser para a realidade onde tudo tem solução, onde a vida tem início o prossegue. Assim sendo, passa a considerar a morte, antes detestável, como a tecelã da felicidade, que contribui para o ajustamento das ocorrências no contexto da Imortalidade.

Não houvesse a morte, impossível seria a ressurreição. Á noite, pois, da saudade, apresenta-se o dia do reencontro feliz. Sem qualquer dúvida, o corpo de que te utilizas irá morrer. Não és a indumentária que se corrompe, mas o Espírito que comanda a argamassa celular. Da mesma maneira como surgiste no mundo físico, dele te apartarás, pelo impositivo da transformação carnal. Antes de embarcares no veículo orgânico vivias independente dele, e assim prosseguirás depois da sua consumpção molecular.

A vida é mais poderosa do que a morte, superando-a de forma eloquente e ditosa. Ciente dessa realidade, vive de tal maieira que, em chegando o momento de abandonares o corpo, possas fazê-lo com tranquilidade e alegria, sem apegos e lamentações, destituído de saudades ou de ressentimentos. O indivíduo é as suas aquisições morais ao largo do processo orgânico. Sucedendo-se uma etapa a outra em cada fase adquire experiências que o enriquecem, facultando-lhe novas conquistas que incorpora em forma de bênção. Mesmo as dores e os desconfortos morais constituem preciosos contributos que o auxiliam na seleção de valores para a sua própria felicidade. 

Não fossem essas ocorrências e os significados da paz, da alegria de viver, da plenitude, ficariam destituídos de sentido, em face do desconhecimento da aflição, das perdas, das angústias, das dores em geral. Enquanto estejas reencarnado, trabalha com afinco as tuas aspirações e amplia-lhes o campo, selecionando aquelas que são de superficiais e sem sentido iluminativo.

Avança,desalgemando-te do passado, mas sem ansiedade pelo futuro, permitindo que cada ocorrência tenha lugar na circunstância e no momento próprios. A precipitação roubar-te-á a alegria de cada abençoada emoção. Assim, utiliza-te de todo instante para melhorar-te, aprimorando os teus sentimentos e desenvolvendo a capacidade de entendimento e de realização intelecto-moral, que te concederão a palma da vitória sobre os vícios e as paixões perniciosas. Não postergues o bem que possas fazer nem os deveres que aguardam realização, porquanto poderás ser surpreendido pelo fenômeno da desencarnação, deixando na retaguarda, atividades interrompidas que irão perturbar-te.

O teu dia ideal é hoje, enquanto luz a oportunidade de crescimento interior. Vive-o intensamente, e verificarás que o seu curso nunca se interrompe, continuando atual e vibrante. Com essa atitude enfrentarás a morte inevitável com plena consciência da sobrevivência e rico de alegria por haver-te preparado para a viagem de retorno ao Grande Lar.

Se, por acaso, estás ferido pela saudade que decorre da ausência física de alguém amado que a morte arrebatou, enxuga o pranto do coração e sorri feliz ante a expectativa do reencontro que ocorrerá após a tua viagem de volta. Em sua homenagem, ama e serve, evocando-o com a ternura e o reconhecimento pelos instantes felizes que ao seu lado viveste.

Não lamentes a perda, porque, vivo onde se encontre tem conhecimento daquilo que ocorre contigo e poderá visitar-te, comungar das tuas emoções, dialogar pelo pensamento e reencontrar-te na esfera dos sonhos, nos teus momentos de parcial desprendimento pelo repouso físico. Honra-lhe a memória através de ações dignificantes em seu louvor e por meio de vibrações de afeto que lhe dirigirás.

A morte não possui o poder de romper as afeições nem os ódios. Desse modo, não guardas mágoas, não te tornes inimigo de ninguém, mesmo que haja quem se te faça adversário. Vibra, portanto, no amor, e o amor vibrará contigo em harmonia cósmica, na glória da imortalidade.

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na manhã de 06 de Agosto de 2005, no lar na cidade do Rio de Janeiro/RJ.)

Fonte: Centro Espírita Caminho da Redenção
Rua: Jayme Vieira Lima N.104 – Pau da Lima
CEP: 41235-000
Salvador/Bahia/Brasil
Telefax: (71) 3393-2855 




 
O VOO DE ÍCARO

Entrevistado: há tempos me dedico ao exercício da psicografia. No momento, apesar de todo meu empenho, minha mediunidade não recebe a atenção desejada. Estou num vazio enorme, que varre minha esperança,turva meu ideal e me induz á desilusão.Observo médiuns notáveis que, desde cedo, encaminharam suas páginas mediúnicas á publicação; outros,menos experientes, lançam livros imprudentemente. Espero há anos a alegria de ver minhas mensagens difundidas, e isso não acontece.estou desencantado. Será que minha produção mediúnica nunca merecerá ser divulgada? Devo abdicar da psicografia e canalizar meus recursos espirituais para outra área de ação?

Sugestões para o Entrevistador:

O mito grego de Dédalo e Ícaro ilustra o caminho em busca da realidade. É típico de todos os seres humanos o uso das asas da imaginação. No entanto, quando se voa muito alto e se ultrapassa os limites do bom senso, se cai com facilidade na frustação ou no desencanto de viver.

A princípio, Ícaro achou ousado o plano de Dédalo, seu pai, genial Escultor-Arquiteto. Mas depois, a seu lado,começou a procurar um meio de construir as asas que os salvariam do Labirinto de Cnossos. Primeiro, reuniram penas de aves e as selecionaram de acordo com tamanho. Em seguida, amarraram-nas com fios de linho e as fixaram firmemente com cera, umas ás outras.

Antes de partirem. Dédalo recomenfa ao filho muito cuidado. Pede que ele voe em altitude mediana, para não molhar as asas no oceano nem derretê-las ao contato com os raios solares. No entanto, ìcaro, encantado com as nuvens, os céus,os pássaros e o firmamento majestoso,perde completamente a noção do perigo. Voa demasiadamente alto e o calor do sol lhe queima as asas, dissolvendo a cera que unia as penas. Assim, eleé lançado nos abismos dos mares.

O pai, que ia á frente, mostrando o caminho e aproveitando o vento favorável, quando olha para trás não encontra mais o filho. Vê apenas duas asas brancas ao léu, flutuando na imensidão azul das águas. Não compare as faculdades alheias comseus talentos ou predisposições inatas.

A raiz de suas decepções é a necessidade absurda de como você deveria ser, como os outros são e como deveriam tratá-lo. Leve em consideração seu mundo interior e se livre dessas falsas necessidades. Sua essência espiritual lhe fornece tudo o que precisa para cumprir a missão que lhe foi destinada. A publicação de suas páginas, medíunicas, por si só não, tem condições de satisfazê-lo intimamente,mas sim o desenvolvimento de seu centro espiritual. Como fonte de toda a vida interior, ele impulsiona sua atividade medianímica, gerando sua realização e satisfação pessoal.

Somos cegos e surdos acima ou abaixo de certos padrões vibracionais delimitados pela natureza humana, assim como temos os olhos e os ouvidos fechados para determinados fenômenos que ocorrem nas dimensões invisíveis, por não sermos dotados de aptidões específicas para detectá-los. As pessoas costumam colocar suas expectativas num nível excessivo de aspiração, propondo emseus projetos de vida um anseio desproporcional ou superior a sua habilidades. Muitas das metas que estabelecemos baseiam-se em necessidades equivocadas e, por isso, jamais se concretizarão.

Ícaro é o protótipo das pessoas que ultrapassam os níveis de possobilidade interior. Não aceitam a própria fragilidade de seu potencial e cedem ao ditador interior, que as constrange a agir acima de sua possibilidades. Esse déspota interno representa uma auto-imagem falsa, construída sobre qualidades que você ainda não possui. Muitas vezes, as asas de cera não são percebidas logo e de forma clara; porém, quando notadas tardiamente, com certeza jpa se haviam instalados os sentimentos de fracasso, frustação e vergonha.

Essas necessidades criadas artificialmente se revestem de uma aparente sensação de glória ou triunfo, nascidas só para compensar a vaidade e o orgulho, mas nunca conseguem atender ao verdadeiro coroamento da vida interior. Por mais que a pessoa se exalte com falsas qualidades e prerogativas mais se sente inferiorizada e rebaixada com seus feitos improcedentes e obras injustificáveis. O vôo de Ìcaro resulta em uma busca de enganosas realizações. Ao vencer as alturas, ele presumia que tinha consolidado sua idealização efêmera,mas foi surpreendido pelos raios solares, que desmancharam a cera da ilusão. Como estavam ainda adormecidos suas teias potencialidades latentes, perdeu a sensatez e o equilíbrio, destroçando a si mesmo. Voou alto demais.

O sentido dessa história mítica é claríssimo: o sol-estrela provedora da vida na matéria representa as leis da natureza obedecendo á Divina Providência. Esse “astro rei” (lei natural) guia os homens em sua marcha evolutiva e corrige suas incoerências: por isso,queima-lhes as asas idealizadas.Conclamando-os ao equilíbrio e bom senso, e utilizando, sempre que preciso da decepção ou da desilusão.

O homem só se liberta através do próprio trabalho interior. Nenhuma tarefa é maior ou melhor que outra. Somente aquele que descobriu o seu dever a Terra é que pode ser libertado da cruz da causa e efeito,á qual a ignorância de si mesmo o pregou.

Autora: Lourdes Catherine

(Mensagem do Livro- “Conviver e Melhorar”)
Departamento da Sociedade Espírita Boa Nova
PABX: (017) 521-2400 – FAX: (017) 521-2191


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