sábado, 2 de agosto de 2014

MOMENTO DE REFLEXÃO/MENSAGENS

A Arte de Resolver Conflitos

O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera. 
Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô. O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira. Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo. 

Era um homem forte, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo. Aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê. 
O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arranca-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava. 

O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou. O lutador estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos. Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Os alunos são proibidos de lutar, pois sabem que Aikidô "é a arte da reconciliação. Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o universo. 

Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados. Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo. O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira. 

Ah! Rugiu ele. Um valentão! Você está precisando de uma lição de boas maneiras! O jovem lançou-lhe um olhar de desprezo. Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele o agredisse primeiro, por isso o provocou de forma insolente. Agora chega! Gritou o bêbado. Você vai levar uma lição. E se preparou para atacar. 

Mas, antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um grito: Hei! O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos. Aquele minúsculo senhor vestia um quimono impecável e devia ter mais de setenta anos... Não deu a menor atenção ao jovem, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar. Venha aqui disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso. Venha conversar comigo insistiu, chamando-o com um aceno de mão. 

O homenzarrão obedeceu, mas perguntou com aspereza: por que diabos vou conversar com você? 
O velhinho continuou sorrindo. O que você andou bebendo? Perguntou, com olhar interessado. 
Saquê rosnou de volta o operário e não é da sua conta! 

Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afeto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro. Ficamos olhando o pôr-do-Sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro, comentou o velho mestre. Pouco a pouco o operário foi relaxando e disse: é, é bom. Eu também gosto de caqui... São deliciosos concordou o velho, sorrindo. E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa. Não, falou o operário. Minha esposa morreu. 

Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar. Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. E o jovem estava lá, com toda sua inocência juvenil, com toda a sua vontade de tornar o mundo melhor para se viver, sentindo-se, de repente, o pior dos homens. 

O trem chegou à estação e o jovem desceu. Voltou-se para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco e deitara a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos. Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando... O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas. 

E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos.


Equipe de Redação do Momento Espírita, adaptação de conto do livro "Histórias da alma, histórias do coração", Editora Pioneira




A Força de um Abraço 

Ele acordou indisposto e irritadiço. Seus pensamentos logo se voltaram para o escritório, lembrando de problemas ainda pendentes de solução, bem como do trânsito que teria que enfrentar. Ficou mais irritado ainda. Tomou rapidamente um pouco de café, despediu-se da esposa e caminhava para a porta, quando ouviu aquela voz com jeitinho de sono ainda, que, carinhosa e meigamente, lhe falou: Papai, espere por mim! Ele parou, voltou-se. Ali estava sua filhinha, de 5 anos, de pijama, braços estendidos para lhe dar um abraço. 

Abaixou-se, depositou a mala de trabalho no chão, e acolheu-a, demonstrando uma certa pressa. 
Ela aconchegou-o num forte e demorado abraço, beijou-o e disse-lhe: Todas as noites eu agradeço ao Papai do Céu assim: Obrigada, Papai do Céu, por tudo. Mas, muito mais por você me ter dado um papai e uma mamãe que me amam. Deu-lhe mais um beijinho e mais um abraço, dizendo-lhe: Eu amo muito você. Tchau, até depois mais. Estarei aqui esperando por você. Aquele momento, aquele abraço e aquele beijo tiveram o efeito de algo como uma forte descarga elétrica lhe passando da cabeça aos pés. 

Saiu, irradiando alegria por todos os poros. Meio que caminhando nas nuvens. Mudara totalmente seu estado mental. Já não era o mesmo. No trânsito, dirigiu com a maior cortesia e paciência, distribuindo sua satisfação. Quando chegou ao prédio do escritório, cumprimentou o garagista do estacionamento com sinceridade. Adentrou o elevador, tendo dado a vez aos outros que também ali estavam e, sorridente, desejou um autêntico bom dia a todos. 

Como há muito ele não fazia, entrou no escritório com um largo sorriso no rosto e cumprimentou cada um dos funcionários com um aperto de mão. Passou pela sala do seu chefe, pediu licença e entrou. Dirigiu-se até ele, deu-lhe as mãos e o abraçou. Depois, olhando-o, disse-lhe: Há tempos estou para lhe falar duas coisas. A primeira, é que lhe sou muito grato pela oportunidade que me deu na sua empresa, ao contratar-me. 

A outra, é a de que aprendi a devotar-lhe, além do respeito de um funcionário para com seu patrão, grande amizade e reconhecimento, pela sua forma leal de ser para comigo e para com os demais. Antes que seu chefe se recuperasse da boa surpresa, concluiu: Neste momento estou repassando-lhe um pouco da alegria que minha filhinha me deu hoje, antes que eu saísse de casa. Ambos sorriram. Nada mais falaram. Foram para seus quefazeres do dia. Os dois já não eram mais os mesmos. 

A força de um abraço com carinho e fraternidade pode transformar o mundo, começando por transformar o seu dia ou o dia de alguém, para muito melhor. Faz tempo que você não abraça seu filho? Há quanto tempo não abraça sua esposa ou seu esposo, como quem abraça um devotado amigo ou uma devotada amiga? 

Lembra-se de quando foi o seu último abraço sentido e verdadeiro em seu pai e em sua mãe? Um abraço como se fosse sua oração de gratidão a Deus pela presença deles em sua vida? 

Pense nisso! Pense na força de um abraço. 

Redação do Momento Espírita 



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