sábado, 10 de agosto de 2013

Revista que enaltece o Bem

Revista que enaltece o Bem

Em todas as revistas da atualidade há um exagerado número de notícias relacionadas ao mal: roubos, assaltos, assassinatos, fraudes, mercado negro, contrabando, suicídios, adultério, etc. São tantas notícias desagradáveis, que chega a ser quase impossível enumerá-las. Se estivéssemos no exterior e soubéssemos de tudo isso, poderíamos pensar que não existe país tão horrível quanto o Japão. Entretanto, por pior situação em que ele se encontre, deve haver alguma coisa que se possa elogiar ou que seja motivo de orgulho.

Acontece que as coisas boas ficam mais escondidas e são mais difíceis de aparecerem. Desde os tempos antigos, diz-se que as más ocorrências vão longe; de fato, parece que as coisas más logo se tornam conhecidas e se espalham. Também no que se refere aos noticiários das Revistas o que está relacionado ás coisas boas não atrai os leitores. Quando pior é o assunto, maior é o interesse das pessoas. Principalmente os artigos que falam de fatos macabros, fora do comum, são do interesse de cem por cento dos leitores e por isso aparecem escritos em caracteres bem grandes. A melhor prova é que relatam notícias ruins.

De vez em quando, aparecem algumas noticias boas, como por exemplo, a que saiu estes dias, sobre o Professor Yugawa. Mas isso talvez não passe da centésima partisse em comparação com o número de notícias más. Como podemos ver por esses fatos, os leitores que lêem diariamente Revistas tão cheias de males, inconscientemente são influenciadas por elas. Assim a consciência do homem sobre o mal diminui devido ao seu próprio caráter e acostuma até mesmo àquilo que, em estado psicológico normal lhe pareceria terrível. Em principio, o objetivo pelo qual os jornalistas mostram apenas a parte escura das coisas é advertir a sociedade, num esforço para melhorá-la cada vez mais. 

É uma ironia, no entanto, pois esse esforço surte um efeito contrário. Talvez até a mente dos jornalistas acabe ficando entorpecida e eles comecem a achar que é muito normal relatar ocorrências criminosas com grande eloqüência. Como não conseguimos ficar calados diante desta sua tendência ao estado de torpor em relação ao mal, não temos outra saída senão adotar o método contrário ao deles. Observando a redação de nossa revista, poderão compreender isso muito bem. Os crimes ou aspectos negativos da sociedade jamais são explorados de forma sensacionalista. Dessa forma, despertamos a sociedade e reafirmamos a absoluta rejeição do mal. Talvez seja uma posição muito natural para uma revista religiosa, mas se publicações desse tipo contiverem simplesmente artigos semelhantes a sermões, como se estivessem mastigando vela, não atrairão a atenção das pessoas e por isso acabarão não sendo lidas.

Como essas publicações são infrutíferas, a nossa revista, mesmo que se trate de um pequeno comentário, publica artigos que toquem a fundo o coração dos leitores. Publica também teorias novas que raramente são apresentadas. É assim que ele atrai as atenções. Além disso, através do “suntetsu” (sátira curta e incisiva), fazemos com que os leitores consigam captar o ponto vital das coisas. Principalmente os relatos de graças recebidas, que são artigos característicos de nossa revista e representam fatos verídicos recentes milagres de valiosas vidas que foram salvas nunca deixam de ser lidas. Os leitores ficam maravilhados e talvez não haja um só que não se comova. Como podemos ver, talvez não exista atualmente uma revista igual a nossa, que rejeita o mal e inspira fortemente o bem. Podemos, portanto, dizer que, mesmo em pequena escala, ela é uma existência de caráter luminosa cujo brilho é único, destacando-se pelo seu objetivo de melhorar o sentimento das pessoas. 

(18 de Fevereiro de 1950)



Fonte: Livro/ Alicerce do Paraíso
(Ensinamentos de Meishu-Sama)
Tradução; Fundação Mokiti Okada – M.O. A
14. Edição – São Paulo/SP.
Pág.: (246/247/248)





Não se Irrite 

Diz um velho ditado: “Tolerar o que é fácil está ao alcance de todos, mas a verdadeira tolerância significa tolerar o que é intolerável.” Outro ditado aconselha: “Carrega sempre contigo o saco da paciência e costura-o toda vez que ele se romper”. Encontro boas razões nesses conselhos. As pessoas me perguntam: “Que práticas ascéticas o senhor realizou? Subiu alguma montanha para banhar-se numa cachoeira, jejuou ou fez outras penitências? Então esclareço que jamais pratiquei tais coisas. 

Todas as minhas “penitências” consistiram em tolerar a tortura das dívidas e reprimir a ira. Quem ouve, fica espantado, mas é a pura verdade. Creio que Deus determinou aperfeiçoar-me mediante purificações desse tipo, pois continuamente têm aparecido fortes motivos para eu ficar irritado. Por natureza, detesto irritar-me, mas há sempre alguma coisa que me afeta nesse sentido. Certa vez, passei por tanta vergonha devido a um desentendimento, que mal conseguia encarar as pessoas. Minha indignação atingia o auge e eu não conseguia reprimi-la. Foi quando me fizeram um convite para comparecer a uma festa. 

Nas circunstâncias, o convite era irrecusável. Lá, entretanto, permaneci desligado, sem poder concentrar meu espírito. Tomei até uma dose de saquê, para me descontrair. Isso demonstra como eu estava perturbado. Somente após alguns dias consegui recobrar a tranqüilidade. Mais tarde, vim, a saber, que a minha ida aquela festa salvou-me de uma grande desgraça. Se não fosse a indignação daquele momento, eu não teria comparecido a ela, e teria recebido um golpe fatal. Realmente fui salvo pela ira e não pude conter minha gratidão. Quem tem missão importante, é submetido por Deus a muitos aprimoramentos. Creio que ter de reprimir a raiva, é uma das maiores provas. 

Aqueles que têm muitas razões para irritar-se, devem compreender que sua missão é grandiosa. Se conseguirem resistir a todo tipo de provocação, mantendo calma absoluta, terão concluído uma etapa do seu aprimoramento. Há um episódio interessante que eu gostaria de relatar. Na Era Meiji, houve um homem famoso pela sua paciência, o Sr. Buei Nakano, Presidente do Conselho privado de Comércio. Uma vez lhe perguntaram qual era o segredo de seu espírito de tolerância. Ele respondeu: “Por natureza, eu era irascível. Mas, certo dia, ao visitar o grande industrial Eiichi Shibuzawa, ouviu-o discutindo com a esposa no cômodo contíguo aquele em que eu estava. Informado de minha presença, ele abriu a porta corrediça e veio sentar-se junto a mim. Trazia a fisionomia serena de sempre nem parecia vir de uma discussão. 

Admirei-me e, ao mesmo tempo, tive a revelação de algo importante: O poder de controlar a ira. Compreendi que aquele era o segredo de seu prestígio no mundo industrial, e que eu devia seguir seu exemplo e esforçar-me para reprimir a cólera com facilidade. “Desde então passei a disciplinar-me nesse sentido, e tudo começou a correr normalmente em minha vida, até eu atingir a condição atual”. Lembrem-se, pois de que Deus treina e disciplina aqueles que têm uma grande missão a cumprir. Gostaria de voltar ao assunto das dívidas. Baseado na minha própria experiência conclui que as dividas são motivadas pela precipitação, que nos faz forçar situações. Jamais devemos forçar uma situação. Se o fizermos, talvez obtenhamos um êxito passageiro. Entretanto, mais cedo ou mais tarde, seremos colhidos pelas conseqüências, enfrentando obstáculos inesperados. 



São possíveis que, após um rápido sucesso, nos vejamos forçados a voltar ao ponto de partida. Examinando as causas da derrota do Japão na segunda Guerra Mundial, veremos que houve quem forçasse muito a situação. Impor soluções e precipitar providências provoca desequilíbrio mental e impede as boas inspirações. Pior ainda é agir á força de qualquer maneira, na falta de idéias. Só devemos tomar resoluções depois que surge a idéia apropriada, isto é quando houver certeza de que o plano concebido não vai falhar. Em outras palavras, é preciso aplicar o método: “Pense duas vezes antes de agir”. Quase sempre é muito difícil o pagamento das dívidas. Se elas se prolongarem, os juros aumentarão, causando grande sofrimento moral. Existem dívidas ativas e dívidas passivas. As ativas fazemo-las para investir em negócio rendoso; as passivas, para cobrir prejuízos. Embora muitas vezes estes últimas sejam inevitáveis, não devemos contraí-las. Se formos vítimas de prejuízos, devemos abandonar toda ostentação e falsa aparência, reduzir os nossos gastos e esperar que surjam novas oportunidades. 

Também desejo chamar a atenção para um ponto importante: a ganância. Consideremos o velho ditado: “Quem tudo quer tudo perde”. Os prejuízos geralmente são causados pela ambição de ganhar demais. Não existe, neste mundo, o pretenso “negócio-da-china” que tantos vivem a propor. Desconfiemos desse tipo de negócio. O empreendimento que não parece grande, oferece melhores perspectivas. Exemplificarei com minha própria experiência. Certa ocasião, eu precisava de dinheiro para salvar dívidas e impulsionar a Obra religiosa. Não foi fácil com segui-lo; enquanto eu o desejava muito, não entrava dinheiro algum. Por fim, resignei-me, deixando o problema nas mãos de Deus. Quando eu já estava esquecido de tudo, comecei a receber inesperadamente grandes somos. Percebi, então, que o mundo não pode ser explicado em termos de raciocínio comum. 

(25 de Janeiro de 1949) 


Fonte: Livro/ Alicerce do Paraíso 
(Ensinamentos de Meishu-Sama)
Tradução: Fundação Mokiti Okada M.O. A 
14. Edição – São Paulo/SP. 
Pág.: (431/432/433/434) 










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