sábado, 6 de julho de 2013

Existem Fantasmas?

Existem Fantasmas?

Desde épocas remotas há controvérsias sobre a existência de fantasmas, mas eu afirmo que eles existem. Trata-se de uma realidade que ninguém pode negar. Creio que a tese do inferno e do Paraíso, pregado por Buda, assim como a do inferno, Purgatório e Céu da “Divina Comédia” de Dante Alighieri (1265/1321), não são teses sem fundamento, absurdas ou ilusórias.

Que é o Mundo Espiritual? Em síntese, o Mundo Espiritual é o mundo da vontade e do pensamento. Sem o empecilho da matéria, há uma liberdade que não existe no Mundo Material. O espírito pode ir aonde quiser, e mais rapidamente do que uma aeronave. No xintoísmo, as palavras “Tome assento nesse templo, vencendo o tempo e o espaço” proferidas nas cerimônias litúrgicas, significam que um espírito pode cobrir a distância de mil léguas em alguns minutos ou até segundos. Entretanto, a rapidez com que ele se move depende da sua hierarquia. Os espíritos elevados, isto é aqueles que conseguiram atingir os níveis de hierarquia Divina, são mais velozes.

O espírito de nível mais alto da hierarquia Divina pode chegar ao local mais distante num espaço de tempo menor do que a milionésima parte de um segundo, mas o espírito de nível inferior leva algumas dezenas de minutos para cobrir mil léguas. Isso porque, quanto mais baixo o nível do espírito, mais pesado ele é, devido ás suas impurezas. Além disso, por sua própria vontade, o espírito pode aumentar ou diminuir de tamanho. Numa Morada dos Ancestrais com mais ou menos trinta e cinco centímetros de largura, podem tomar assento várias centenas de espíritos. Nessa oportunidade, é rigorosamente observada a ordem isto é, cada um ocupa a posição adequada ao seu nível, dentro da maior disciplina e com a indumentária apropriada. No budismo, eles assentam no seu nome intemporal, escrito numa placa de madeira ou de qualquer outro material; no xintoísmo assentam num espelho, numa pedra, numa letra ou no “Himorogui” (cruz feita de fibras de linho). Logicamente, os espíritos ficam muito satisfeitos pelos cultos que lhes são oferecidos de coração, mas o mesmo não acontece se são atos apenas formais. 

Assim, nas ocasiões de culto, as pessoas devem colocar o máximo de sentimento e realizá-lo de forma ideal, de acordo com as condições materiais do momento. Desde épocas remotas falam-se empresas que ocasionalmente vêem fantasmas, mas na maioria dos casos trata-se de espíritos com poucos dias de desencarnados. O grau de densidade das células espirituais dos recém-falecidos é elevado, razão pela qual esses espíritos podem ser vistos por algumas pessoas. Nada há de estranho, portanto, no fato de muitos terem visto a Ressurreição e Ascensão de Cristo. Porém, como o espírito de Cristo era elevado, Divino, ascendeu ao Céu, com o passar do tempo, o espírito é purificado, ficando menos denso, e assim mais difícil de ser visto.

Um fantasma pode entrar e sair livremente por um orifício do tamanho do buraco de uma agulha, pois não tem corpo carnal que lhe estorve a passagem. Em vista disso, muito podem pensar que o Mundo espiritual seja o lugar ideal para quem ama a liberdade, mas não é bem assim. Nele existem leis que são aplicadas rigorosamente, e a liberdade é limitada. Agora falarei rapidamente sobre a expressão facial dos espíritos. Os fantasmas geralmente são retratados com a expressão facial dos instantes da morte. Entretanto, com o decorrer do tempo a expressão do espírito vai mudando lentamente, amoldando-se á índole da pessoa. Por exemplo, os tímidos, os pessimistas e os solitários tomam um aspecto lúgubre, raquítico; os possuidores de natureza diabólica e animalesca tomam a aparência do próprio demônio; de pensamento vil ficam com a face disforme, e os que têm bom coração adquirem uma expressão bondosa e bela. Neste mundo, é possível encobrir o pensamento, pela configuração chamada corpo carnal, mas o Mundo Espiritual tudo é revelado, aparecendo exatamente como é. Essa imagem verdadeira aparece mais ou menos um ano após a morte.

Num Livro da autoria de um grande religioso, há mais ou menos está referência: “Quando o homem falece, seu espírito se extingue. O espírito não é eterno, nem tampouco existe Mundo Espiritual; se existisse; já estaria repleto, pois o número de pessoas que faleceram atinge vários bilhões. Esse autor apesar de ser um expoente do Budismo, desconhece o poder de elasticidade do espírito. 

(05 de Fevereiro de 1947)

Fonte: Livro Alicerce do Paraíso
(Ensinamentos de Meishu-Sama)
Tradução: Fundação Mokiti Okada – M.O. A
14. Edição – São Paulo/SP.



Meishu-Sama era assim... Bondade Verdadeira 

Na época em que Meishu-Sama ainda era comerciante e fornecedor das lojas Mitsukoshi, havia uma associação chamada “Sanseikai” (palavra escrita com dois caracteres japoneses, sendo o primeiro correspondente ao número três e o segundo o da palavra correto). Esta era constituída pelos comerciantes que forneciam artigos á rede Mitsukoshi. Os membros dessa associação eram rigorosamente escolhidos e, mesmo que houvesse cerca de dez fornecedores do mesmo artigo, o número máximo de associados era três. Como Meishu-Sama integrava a Sansei-Kai, isso significava que era grande a confiança depositada nele como proprietário da loja Okada. 

Ele abandonou o ramo dos negócios e ingressou no caminho da fé, chegando até a passar por dificuldades financeiras. Não sei como me expressar, mas ele era fora do comum, uma pessoa verdadeiramente bondosa. Desde aquela época, nossas famílias já eram próximas e, no início da Kannon-Kai, a situação financeira não se apresentava nada fácil. O telefone quase fora cortado por falta de pagamento e houve momentos em que a família não tinha mais do que soja fermentada (nalto) ou peixe seco para acompanhamento do arroz. 

Apesar disso, Meishu-Sama e Nidai-Sama não exprimiam qualquer ar de pobreza, agindo com uma atitude indiferente ao que se passava. Mesmo depois de ter se tornado um religioso, Meishu-Sama não modificou sua aparência e nem se importava se o cigarro queimasse a manga do quimono, continuando a vesti-lo sem constrangimentos. Nas seções de Kanku (Assim como o haiku ou haicai) como é mais conhecida, a forma de poesia kanku é composto de três versos, como cinco, sete e cinco sílabas. Entretanto, (o poeta recebe pronto o primeiro verso e, a partir dele compõe os dois restantes). Humorístico, aflorava seu vasto conhecimento e sua profunda compreensão das sutilezas do coração humano. 

Certa vez, com relação ao meu avô, que era realmente muito implicante, disse-me: “Não combino muito com aquele senhor”. Meishu-Sama costumava freqüentar nossa casa, mas na frente do meu avô, agia com toda formalidade. Entrava sério, calado, e seguia para a sala onde ficava como se estivesse em sua própria casa. Ocasionalmente, ele aparecia por volta da hora do almoço. E se eu dizia: “Veio cedo hoje, não?” ele respondia: “Como não tinha nada para fazer, vim” e se recostava na sala, sem o menor constrangimento. Ás vezes aparecia tarde da noite, dizendo: “Não consigo dormir” Ele ficava completamente á vontade em nossa casa e no calor aparecia de Yukata, um quimono leve de verão, amarrado á cintura com uma faixa simples vestido, portanto, de forma bastante descontraída. 

Há pessoas que dizem que Meishu-Sama era bastante vaidoso, mas gostaria de dizer que eu o achava uma pessoa que não se importava com a aparência. Álias ele era tão simples que, ocasionalmente, pedia: “Me empreste uma tesoura” e cortava um fio que soltando da manga. E completava em tom de brincadeiras! É que minha esposa não se importa comigo “... Estas são as minhas preciosas memórias de Meishu- Sama até quando ele se tranferiu para Kaminogue, no outono de 1935. Ele não mudou nada desta época até seus últimos anos. seus cabelos embranqueceram, não era muito paciente e um pouco inquieto, sempre fazendo brincadeiras. 

(Iko Takemura/ Amiga) 


Fonte: Revista IZUNOME
N.64 – Abril /2013 – São Paulo/SP







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