sábado, 6 de julho de 2013

Casas Japonesas e seus Interiores
















































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CONTOS


Aprendizagem

- Mãe, cabelo demora quanto tempo pra crescer? 
- Hã? 
- Se eu cortar meu cabelo hoje, quando é que ele vai crescer de novo? 
- Cabelo está sempre crescendo, Beatriz. É que nem unha. 
A comparação deixa a menina meio confusa. Ela não está preocupada com unhas. 
- Todo dia, mãe? 
- É só que a gente não repara. 
- Por quê? 
- Porque as pessoas têm mais o que fazer, não acha? 
A menina não sabe se essa é uma pergunta do tipo que precisa ser respondida ou é daquelas que a gente ouve e pronto. Prefere não responder. 
- Você é muito ocupada, não é, mãe? 
- Hã? 
- Nada, não. 
A mãe termina de passar a roupa e vai guardando tudo no armário. 
Enquanto isso, Beatriz corre até o quartinho de costura, pega a fita métrica e mede novamente o cabelo da boneca. Ela tinha cortado aquele cabelo com todo o cuidado do mundo, pra ficar parecido com o da mãe, mas a verdade é que ficou meio torto. 
“Nada, não cresceu nada", ela conclui, guardando a fita. E já tem uma semana! 

Depois volta para onde está a mãe, que agora lustra os móveis. 
- Mãe existe alguma doença que faz o cabelo da gente não crescer? 
- Mas de novo essa conversa de cabelo! Não tem outra coisa pra pensar não, criatura? 
Sobre essa pergunta não há dúvida: é do tipo que você não deve responder. 
A mãe continua trabalhando. Precisa se apressar. Dali a pouco a patroa chega da rua e o almoço nem está pronto ainda. 
- Mãe! 
- O que foi? 
- É que eu estava aqui pensando. 
- Pensando o quê? 
Beatriz não responde. Espera um pouco, tentando achar as palavras certas. 
- Vai, fala logo. 
- Quando a gente faz uma coisa, sabe, e não dá mais para voltar atrás, entendeu? 
- Não, não entendi. 
Ela abaixa a cabeça, dá um tempinho e resolve arriscar: 
- Então, se você não entendeu, posso continuar perguntando sobre cabelo? 
- Ai, meu Deus! 
Beatriz deixa a mãe trabalhando e vai procurar de novo sua boneca. 
Pega a boneca no colo e diz no ouvido dela: 
- Não liga, não. Cabelo de boneca é assim mesmo, cresce devagar, viu? 
E com um carinho: 
- Foi minha mãe que me ensinou.

Autor: Flávio Carneiro

(Escritor, Ensaísta, Professor de Literatura)
Site:revistaescola.abril.com.br




Minha chupeta virou Estrela 


Eu me chamo Pedro e tenho sete anos. Eu tenho uma estrela, sabe? 

Uma Estrelona, linda, que está lá no céu, brilhando, todos os dias. 

Quando eu tinha três anos, para salvar meu dente da frente que ficou mole porque eu caí de boca brincando na gangorra da escola, minha dentista me disse que... EU TERIA QUE PARAR DE USAR A MINHA QUERIDA CHUPETA VERDE! 

- A chupeta ou o dente! - ela me mandou escolher. 

Bom, eu nem quis ouvir direito essa proposta tão maluca! A doutora Virgínia e a minha mãe tentaram conversar comigo, explicar por que era importante eu não perder um dente tão cedo e... Nada. Eu só olhava com o olho mais comprido do mundo para a chupeta verde, minha companheira do sono mais gostoso do mundo! Como dormir sem ela? 

Na primeira noite em que fiquei sem a minha querida chupeta, só lembro-me de sentir o cheiro da minha mãe, que me carregou no colo enquanto papai dirigia nosso carro, passeando em frente ao meu parque preferido pra ver se eu enfim conseguia pegar no sono... 

No dia seguinte fui com minha mãe e meu irmão ao parque e levei pão para dar aos patos que moram num lago bem bonito que tem lá. Um pato maior e mais cinza que os outros me chamou a atenção. Ele veio várias vezes comer pão na minha mão e eu gostei dele. Parecia o patinho feio da história que meu pai sempre contava antes de eu dormir. 

Mamãe chegou perto de nós e disse que aquele era mesmo um pato especial. Ele costumava tomar conta das chupetas de alguns meninos. E fazia isso muito bem: ele transformava todas em estrelas! Super legal! 

Pus o nome naquele pato de Pato Pão. Eu não queria perder nem o meu dente nem a minha chupeta... Talvez o Pato Pão fosse a solução para o meu problema! Então... Resolvi dar a minha chupeta verde para ele. Ele pegou minha chupeta verde com o bico e atirou longe, no lago. Eu fiquei olhando para ela boiando, boiando... até desaparecer... Na hora de entregar a minha chupeta verde, mesmo para um pato tão especial como o Pato Pão, eu segurei bem forte a mão da minha mãe e a do meu irmão! 


Enquanto a minha chupeta verde ia embora ao lago, pensei que naquela noite ela não ia estar embaixo do meu travesseiro. Eu teria que ir até a janela se quisesse dar uma espiada nela. 

Quando a noite apareceu, meu pai chegou do trabalho e se deitou na cama comigo, olhando pro céu, procurando a minha estrela-chupeta verde. Eu vi primeiro e nós dois batemos palmas pra ela! Aí eu só me lembro de adormecer com aquele brilho de estrela no meu olho e a sensação do abraço enorme do meu pai. 

Todas as vezes em que penso na minha chupeta, olho pro céu, procurando a estrela-chupeta verde. Agora, a saudade, em vez de crescer como eu fico menor a cada noite. Deve ser porque meninos grandes gostam mais de estrelas no céu do que de chupetas, eu acho. 

Autor: Januária Alves 

(Escritora, Jornalista e Roteirista) 
Publicação: Abril/2007 
Site: revistaescola.abril.com.br 

















Lendas e Fábulas

De Bem com a Vida 


Filó, a joaninha, acordou cedo. 
- Que lindo dia! Vou aproveitar para visitar minha tia. 
- Alô, tia Matilde. Posso ir aí hoje? 
- Venha, Filó. Vou fazer um almoço bem gostoso. 
Filó colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas, passou batom cor-de-rosa, calçou os sapatinhos de verniz, pegou o guarda-chuva preto e saiu pela floresta: plecht, plecht... 
Andou, andou... E logo encontrou Loreta, a borboleta. 
- Que lindo dia! 
- E pra que esse guarda-chuva preto, Filó? 
- É mesmo! - pensou a joaninha. E foi para casa deixar o guarda-chuva. 
De volta à floresta: 
- Sapatinhos de verniz? Que exagero! - Disse o sapo Tatá. Hoje nem tem festa na floresta. 
- É mesmo! - pensou a joaninha. E foi para casa trocar os sapatinhos. 
De volta à floresta: 
- Batom cor-de-rosa? Que esquisito! - disse Téo, o grilo falante. 
- É mesmo! - disse a joaninha. E foi para casa tirar o batom. 
- Vestido amarelo com bolinhas pretas? Que feio! Por que não usa o vermelho? - disse a aranha Filomena. 
- É mesmo! - pensou Filó. E foi para casa trocar de vestido. 
Cansada da tanto ir e voltar, Filó resmungava pelo caminho. O sol estava tão quente que a joaninha resolveu desistir do passeio. 
Chegando a casa, ligou para tia Matilde. 
- Titia vai deixar a visita para outro dia. 
- O que aconteceu, Filó? - Ah! Tia Matilde! Acordei cedo, me arrumei bem bonita e saí andando pela floresta. Mas no caminho... 
- Lembre-se, Filozinha... Gosto de você do jeitinho que você é. Venha amanhã, estarei te esperando com um almoço bem gostoso. 
No dia seguinte, Filó acordou de bem com a vida. Colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas, amarrou a fita na cabeça, passou batom cor-de-rosa, calçou seus sapatinhos de verniz, pegou o guarda-chuva preto, saiu andando apressadinha pela floresta, plecht, plecht, plecht... E só parou para descansar no colo gostoso da tia Matilde.


Autora: Nye Ribeiro

(Educadora e Jornalista)
Site: revistaescola.abril.com.br



O Nascimento do Mundo 

No início só havia Kore, a energia, vagando na escuridão do espaço infinito. Então, veio a luz e surgiram Ranginui, o Pai Céu, e Papatuanuku, a Mãe Terra. Rangi e Papa teve muitos filhos: Tangaroa, deus das águas; Tane, deus das florestas; Tawhirmatea, deus dos ventos; Tumatauenga, deus da guerra, que deu origem aos seres humanos; e Uru, que não era deus de nada. 

Rangi e Papa vivia num perpétuo abraço de amantes. Acontece que esse enlace apaixonado não deixava a luz penetrar entre seus corpos, onde ficavam os filhos. Obrigados a viveres apertados e sempre no escuro, os jovens resolveram dar um basta na situação. 

- Vamos matar Rangi e Papa e ficar livres deles! - disse Tumatauenga. 

- Não! - disse Tane. - Vamos apenas separá-los, empurrando um para cima e deixando o outro embaixo. Assim sobrará espaço para nós e a luz vai poder entrar. 

Todos acharam a idéia excelente. 

Tane, que era o mais forte de todos, firmou bem os pés em Papa, encaixou os ombros no corpo de Rangi e o empurrou para cima com toda a força. 

Os pais se separaram, mas - oh, decepção! - só um pouco de luz chegou ao mundo dos filhos. Além disso, Rangi e Papa estavam nus e, longe um do outro, sentiam muito frio. 

Comovido com a situação, Tane abrigou o pai com o negro manto da noite. 

Para a mãe fez um vestido com as mais verdes e tenras folhas e as flores mais coloridas. Em torno dela fez ondular as águas azuis dos mares e rios de Tangaroa. Os ventos de Tawhirmatea sopravam suavemente seus cabelos. Os filhos de Tumatauenga já começavam a povoar o mundo recém-criado. 

Olhando lá de cima os lindos trajes da mulher e sua participação no novo mundo, Ranginui ficou doente de inveja. Sua dor cobriu o mundo com uma névoa úmida e cinzenta. 

Refugiado em uma dobra do manto paterno, Uru chorava e chorava por não ter sido útil em nada aos pais e aos irmãos. Para que ninguém percebesse suas lágrimas, escondia-as em cestas e mais cestas. Mas Tane tudo percebera: 

-Uru, meu irmão, precisa de sua ajuda! 

- Nada tenho para dar, você bem sabe! 

- Ora, Uru, você tem tantas cestas... 

Surpreso e com medo de ser descoberto em sua fraqueza, Uru abaixou a cabeça: - Não tem nada dentro delas, irmão. 

Tane avançou e destampou uma das cestas. Dela voaram luzes faiscantes e risonhas para todos os lados. As lágrimas de Uru haviam se transformado em crianças-luz (para nós, estrelas)! 

- Uru, será que você podia me ceder duas de suas cestas? Seus filhos poderiam enfeitar e iluminar a morada de nosso pai... Uru concordou. As duas cestas foram passadas para Te Waka o Tamareriti, uma canoa muito especial. Tane conduziu a canoa até o céu, espalhando sobre o manto de Rangi milhares de estrelinhas que riam e piscavam umas para as outras o tempo todo. 

Quando Tane ia pegar a segunda cesta, esta tombou e se abriu, deixando as estrelas se espalharem numa grande faixa chamada Ikaroa, que cruzou o céu de lado a lado (para nós, a Via Láctea). Tane deixou Ikaroa e Waka o Tamareriti (que é a "cauda" da nossa constelação do Escorpião) no espaço celeste, onde se tornaram os guardiões das estrelas. 

Lenda Maori – Recontada por: Maria de La Luz 
Site: revistaescola.abril.com.br 







CRÔNICAS

A Janela 

Admirando um quadro refleti sobre a semelhança entre ele e uma janela diante da qual tudo passa. Olhando através dela, você consegue observar atos e fatos da vida cotidiana: crianças brincando, belas moças desfilando, um casal se amando, o carro novo do vizinho, o horário em que o jovem retorna ao lar, a que horas o marido da vizinha do lado fronteiro volta para casa, quem veio visitar os amigos da casa à direita, se a da vizinha à esquerda está sendo assaltada, enfim toda uma gama de situações pode acontecer diante de nossos olhos através de uma janela.

Não esqueçamos que se “uma janela observa” os outros, também pode existir “aquela que nos observa” e se não quisermos ser assunto para comentários, fechemos a nossa. Muitas pessoas ficam “olhando” a vida dos outros e esquece-se de viver a própria, mas quando conseguem analisar o fato, percebem que perderam muito tempo e não chegou a lugar algum. Uma janela pode ser admirada ou odiada causando ferimentos, principalmente nos cotovelos.

Saibamos apreciar as belezas da vida sem criticar a alheia. E por falar nisso, você permanece à janela perdendo tempo ou aprendendo a viver? Reflita! 


Autores: Paulo Antonio Widmer Jr, Odinar Fratin Jr e Zuleika Soares Novaes Júlio
Alunos do Grupo “Os sonhadores” pertencente à SALA DE LITERATURA DO LAR DAS MOÇAS CEGAS- Santos/ SP.



Eu Quero um Shrek 

Depois que a princesa beijou o sapo e ele virou um príncipe, veio por terra a máxima de que a mulher foi a responsável pela queda do homem e, conseqüentemente, pela perda do paraíso, segundo as Sagradas Escrituras. Eva pode ter tido pouco juízo, mas através do conto de fadas, ficou comprovado que não é a mulher que torna o homem infeliz. Coisa nenhuma! Estou cansada de carregar esta culpa por toda a humanidade. Adão bem que sabia que o fruto era proibido, comeu porque quis! O toque feminino da princesa transformou o asqueroso batráquio em um galã de primeira grandeza! Por isso eu adoro aquele ditado: "Por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher." 

A partir desse conto de fadas, os estúdios Disney reinventaram, recentemente, o enredo desta história, fazendo no desenho "A princesa e o sapo", a bela moça se metamorfosear em sapa (ou seria em perereca? - ah, essa nossa língua portuguesa e seus gêneros...). Perdeu a graça! E o poder feminino, para onde foi? Coisa chata essa Disney mania de tornar sonsas as mais belas princesas! Já viram a Cinderela? Mas onde já se viu uma criatura tão linda, herdeira oficial do rei, aceitar com total subserviência os desmandos daquela madrasta nojenta e suas filhas invejosas? Só mesmo Walt Disney, pois na versão original dos irmãos Grimm, a megera é obrigada a calçar sapatos de ferro em brasas, por ter sido tão má com a Gata Borralheira. Por isso, Wilhelm e Jacob fazem parte do meu universo literário. Eles pegavam o 'espírito da coisa', e isso no século 19! 

Mas a redenção do imaginário infantil veio com a Dream Works, que criou Shrek. O anti-herói mais cabra macho de todos os contos da carochinha! Aquilo sim é um homem de verdade. Ele atua em sua história, ele é o centro da trama... Shrek representa os homens da vida real, ao menos, alguns deles. Shrek sofre de eructações e flatulência, tem bafo de bode, a beleza de um orangotango e a sutileza de um rinoceronte. Apesar de todos esses adjetivos, no final ainda salva a princesa do dragão da maldade e casa com ela. Shrek desmoralizou os príncipes-plantas, aqueles figurantes que só aparecem no início e no final da história para selar o 'felizes para sempre' com um beijo de amor! 

Shrek não beija a Fio na, ele a carrega nas costas, demonstrando o contorno de seu corpitchio à La barriguinha de chope. E não dá a mínima para os chiliques da senhora! Fio na foi, nesta história, a princesa que virou sapa... Mas bem diferente daquela pequena rainha Disney liana. Fio na amou Shrek do jeitinho que ele era. E o príncipe? Ah, o príncipe... Bem, o engoma Dinho ganhou tons de arco-íris, além de se assumir metrossexual e com sérios desvios de conduta. Um psicopata moderno. Aliás, um Narciso redivivo. Ta Dinho ficou só, sem palácio, cavalo branco e nenhuma bela princesa. 

É por essas e outras que eu prefiro amar o meu Shrek: homem valente, ético, viril... Não é príncipe, mas também não é sapo. É o homem na medida exata. Com o tempo, a mulher vai descobrindo que todo príncipe é meio chato, meio assim... Narciso se olhando e se afogando no rio, que era o seu espelho! Homens que "se acham", mas não se garantem. E tenho dito! 


Autora: Christiane Bianchi 


Crônica da Cidade 

Escutem, Por favor! 

As imagens mostram um corre-corre na Esplanada. Quem eu mais amo está entre os manifestantes e eu me orgulho disso, embora meu peito esteja do tamanho de um botão. Problema meu, não dele. Mudei de lugar, e eu que me resolva.Participei de um sem número de manifestações, como estudante e como repórter, desde o fim da ditadura até a primeira eleição de Lula. Experiências que me deixavam o peito do tamanho do Sol — eu não era mais uma unidade, estava corporificada na multidão. Era a plenitude, o que me colocava numa situação de perigo — e só agora, que estou do outro lado, me dou conta disso. Saber-se poderoso é perigoso, mas é preciso aprender a lidar com o risco. A participação nos protestos deste junho de 2013 é uma aula obrigatória de cidadania. 

Entre as muitas lições que esses surpreendentes acontecimentos estão oferecendo ao país, e aos políticos em especial, uma delas é a de que é preciso saber ouvir (e em tempos de web, saber escutar o que dizem as redes sociais. Não à toa, a ABIN criou às pressas um núcleo para acompanhar os movimentos na internet). E o primeiro quesito para a audição é a humildade. Os donos da verdade costumam ser surdos. Sabem de tudo, têm explicação para tudo. Não sabem perder, recuar, reconhecer o erro, engolir a pedra. 

Quem me conhece de longo tempo deve estar rindo de mim. Eu já fui dona da verdade — e caí do cavalo uma, duas, tantas vezes quantas foram suficientes pra ser derrotada por mim mesma. Desfeitas as certezas, calçadas as sandálias da humildade, ficou tudo muito mais cansativo e fluido — tudo o que é sólido se desmancha no ar. Já deu pra aprender que ouvir é cansativo, que a possibilidade de rever certezas é ameaçadora para quem se sustenta em verdades. Os preceitos irrevogáveis se dissolveram — o que me deixa mais leve, mais livre, e não menos comprometida com os princípios que, para a minha consciência, são fundamentais. 

À noite ainda nem começou, o peito está do tamanho da cabeça de um alfinete — temo por todos os filhos, torço pelo meu país e espero que os que ainda estão no poder tenham a coragem de escutar o que esse milhão de brasileiros está dizendo às ruas. 

PS Tentou vandalizar o Itamaraty, um dos mais belos palácios do mundo, uma das mais refinadas obras de Niemeyer e Burle Marx. É uma jóia da arquitetura moderna, com seus arcos em concreto aparente, sua escadaria solta no ar, seu espelho d"água com um paisagismo brasileiro e cerra tense (os buritis do Palácio dos Arcos foram transplantados adultos para o lugar onde estão num tempo em que essa tecnologia era pura novidade). Entre as mais recorrentes reivindicações dos manifestantes, está a melhoria na educação. Por certo. 



Autora: Conceição Freitas 
Correio Brasiliense - 21/06/2013 
Enviado por: Luciana 






Momento de Reflexão

A Educação

Um dia desses lemos em um adesivo colado no vidro traseiro de um veículo a seguinte advertência: "minha educação depende da tua"! Ficamos a imaginar qual seria o conceito de educação para quem pensa dessa forma. Ora, se nossa educação dependesse dos outros, certamente seria tão instável quanto a quantidade de pessoas com as quais nos relacionamos. Ademais, se assim fosse, não formaríamos jamais o nosso caráter. Seríamos apenas o resultado do comportamento de terceiros. Refletiríamos como se fôssemos um espelho. 

A educação é a arte de formar caracteres, e, por conseguinte, é o conjunto de hábitos adquiridos. Assim sendo, como fica a nossa educação se refletir tão somente o comportamento dos outros como uma reação apenas? O verdadeiro caráter é forjado na luta, na luta por dominar as más tendências, por não revidar uma ofensa, por retribuir o mal com o bem. Um amigo tinha o costume de dizer: "bateu, levou!" Um dia perguntamos se ele admirava os mal-educados que tanto criticava. Imediatamente ele se posicionou em contrário.

- É claro que eu não aprovo pessoas mal-educadas. Então questionamos outra vez: 

- Se não os admira, porque você os imita? 

Ele ficou um tanto confuso, pensou um pouco e respondeu: 

- É, de fato deveríamos imitar somente o que achamos bonito.

Dessa forma, a nossa educação não deve jamais depender da educação dos outros, menos ainda da falta de educação dos outros. 

Todos os ensinamentos do Cristo, a quem a maioria de nós diz seguir, recomendam apresentar a outra face. Imaginemos se Jesus tivesse ensinado: "se alguém te bater numa face, esmurra-lhe a outra", ou então "faz aos outros tudo aquilo que não desejas que te façam". Nós certamente não O aceitaríamos como modelo a ser seguido. Assim sendo, lutemos por nos educar segundo os preceitos do Mestre de Nazaré, que diante dos momentos mais dolorosos de Sua vida manteve a calma e tolerou com grandeza todas as agressões sofridas. Não nos espelhemos-nos que não são modelos nem de si mesmos. Construamos o nosso caráter com os exemplos nobres. Quando tivermos que prestar contas às leis que regem a vida, não encontraremos desculpas para a nossa falta de educação, nem poderemos jogar a culpa nos outros, já que Deus nunca deixou a Terra sem bons exemplos de educação e dignidade. 

Não adotemos os costumes comuns que nada tem de normal. O normal é cada um buscar a melhoria íntima com os recursos internos e externos que Deus oferece. As rosas, mesmo com as raízes mergulhadas no estrume, se abrem para oferecer ao mundo o seu inconfundível perfume. O sândalo, por ser uma árvore nobre, deixa suave fragrância impregnada no machado que lhe dilacera as fibras. Assim, nós também podemos dar exemplos dignos de serem imitados.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada e no cap. 54 do livro Depois da morte, de autoria de Léon Denis, ed. FEB



As Estrelas do Mar 

Certo dia, um escritor que costumava caminhar pela praia em busca de inspiração observou, ao longe, algo a se movimentar. Continuou andando na direção daquela sombra até aproximar-se o bastante para perceber que se tratava de um homem. Quando chegou mais perto notou que ele juntava as estrelas do mar, que haviam ficado presas na areia quente da praia, e as devolvia ao mar. Só então ele se deu conta de que havia muitas estrelas do mar espalhadas pela praia. Espantado disse ao homem: Você não percebe que há muitas estrelas do mar por aí? Seu esforço não vale à pena. 

Mesmo que você trabalhe vários dias seguidos não conseguiria salvar todas elas. Então, que diferença faz? O homem, que ainda não havia parado para lhe dar atenção, pegou uma estrela do mar, ergueu-a e, mostrando-a ao escritor disse: Para esta eu fiz diferença. E, jogando-a ao mar, continuou sua empreitada. O escritor observou aquele homem por mais alguns instantes e chegou à conclusão de que havia encontrado, naquele gesto simples e desinteressado de um anônimo, a inspiração que buscava. 

Quando nos parecer que um pequeno gesto nobre de nossa parte não faz diferença, lembremo-nos desta singela história. Pensemos que um único sorriso pode fazer muita diferença para alguém que se encontra desalentada. Uma palavra de otimismo fará diferença para quem está desesperado. Um exemplo nobre junto aos filhos, aos familiares, aos amigos, ou àqueles que nos observam de perto, pode fazer muita diferença. A cada instante nós perdemos excelentes oportunidades de ser gentil, de perdoar, de agir com delicadeza, de ser honesto, sincero, de calar uma ofensa. E isso tudo, no cômputo geral, faz grande diferença. Recentemente, lemos a notícia de que é preciso resgatar os valores simples para evitar os males atuais que são a depressão, a ansiedade, o desalento, entre outros. Essa foi à conclusão a que chegaram os psiquiatras que participaram de um Congresso de Psiquiatria Clínica. A tão falada e útil globalização, a grande quantidade de informações que chega a cada instante, a disputa pelo poder, a competição desonesta, faz com que nos esqueçamos de ser gente. Parece mesmo que estamos nos tornando máquinas automatizadas, incapazes de olhar para quem está ao nosso lado, senão como um ferrenho concorrente ou um adversário pertinaz. Se todos nós repensássemos valores e nos lembrássemos de que somos seres criados para viver em sociedade e que, acima de tudo somos Espíritos imortais, filhos do mesmo Pai, talvez sofrêssemos menos. E isso faria diferença. 

Quando percebermos alguém preso nas areias quentes da solidão... Quando notarmos alguém se debatendo no mar revolto do sofrimento... Lembremos que todos somos estrelas do Universo, colocadas lado a lado, pelo Criador, para crescermos juntos. E como ensinou o Mestre de Nazaré, não sejamos estrelas apagadas, mas façamos brilhar a nossa luz onde quer que estejamos. 

Só então perceberemos o quanto isso faz diferença. 

(Redação do Momento Espírita) 


A Flor da Honestidade 

Conta-se que, por volta do ano 250 a.C., na China Antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma disputa entre as moças da corte ou quem quer que se ache digna de sua proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberiam, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe. 

Ao chegar a casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula: Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça. Eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura. E a filha respondeu: Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca. Eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficarem, ao menos alguns momentos, perto do príncipe. Isto já me torna feliz. À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio: Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China. 

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valoriza muito a especialidade de cultivar algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc. O tempo passou e o doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura da sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse, na mesma extensão do seu amor, ela não precisaria se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia, ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. 

Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à sua mãe que, independente das circunstâncias, retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe. Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena. Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. 

As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu: Esta foi à única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz: A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis. A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor. 


Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida. 
Disponível no CD Momento Espírita, v. 5, Ed. FEB. 





A Fada do Mármore 

Possivelmente poucos têm notícias de que Sócrates, o filósofo grego, era também escultor. De um modo geral, todos o conhecem como o mestre de Platão. O precursor das idéias cristãs. Mas ele era também um escultor muito bom. 

A Fada do Mármore 

Possivelmente poucos têm notícias de que Sócrates, o filósofo grego, era também escultor. De um modo geral, todos o conhecem como o mestre de Platão. O precursor das idéias cristãs. Mas ele era também um escultor muito bom. 

Um dia, ele recebeu um pedido da prefeitura de Atenas para esculpir em mármore a estátua de uma fada, que deveria ser colocada em um bosque, próximo de uma fonte. Sócrates aceitou a encomenda. Tratou logo de providenciar um bloco de mármore branco e se pôs a trabalhar. Durante algum tempo ficou olhando para o imenso bloco branco. Imaginou, idealizou intensamente a estátua e, então, colocou mãos a obra. Empunhou o martelo e foi desbastando a pedra. Lascas enormes voavam para um e outro lado da sua oficina. Mais tarde, ele largou o martelo e os outros instrumentos pesados, rústicos, e empunhou ferramentas mais leves como o cinzel. 

Para o acabamento da estátua serviu-se de uma pedra esmeril, com muita delicadeza. Finalmente, a estátua ficou pronta para admiração do povo. Era a figura de uma jovem esbelta, como os antigos concebiam as divindades dos bosques e das águas. Seu aspecto era tão leve que ela parecia flutuar no ar. E, no entanto, era toda de mármore. Ante os elogios do povo, Sócrates explicou que ele verdadeiramente não esculpira a estátua. Quando olhara o bloco de mármore, ele vira que a ninfa das águas estava pronta, dentro dela. O que fiz, dizia, foi simplesmente retirar o excesso de pedra que a cobria e descobri-la para os olhos de todos. 

Assim também é no ser humano. A maioria das pessoas somente vê o material, o corpo físico. E por essa aparência adjetiva a criatura como feia, bonita, simpática, antipática, etc. Poucos podem ver o invisível, a alma do ser que carrega aquele corpo. E a alma, para se revelar em toda a sua grandeza, necessita passar por um processo semelhante ao do mármore. É assim que temos o martelo da dor, retirando as arestas, o cinzel da disciplina e a pedra esmeril do tempo trabalhando juntos, a fim de que o Espírito mostre toda a sua beleza e seu potencial. É por isso que se torna importante o homem entender o porquê da dor, da disciplina, a sabedoria do tempo para que ele se mostre na sua totalidade: a estátua de beleza e leveza, esplendorosa, oculta sob a capa da matéria bruta. 

Jesus, enquanto na Terra, Se permitiu ver por três dos Seus apóstolos em toda a sua beleza espiritual. O episódio se deu no Monte Tabor, no fenômeno conhecido como Transfiguração e teve como testemunhas oculares, Pedro, Tiago e João.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. A ninfa oculta no bloco de mármore, do livro Porque sofremos de Huberto Rohden, ed. Martin Clare



A Família em primeiro Lugar 

O administrador Stephen Kanitz, colunista da revista Veja, escreveu em edição de fevereiro de 2002 mais ou menos o seguinte: Há vinte anos presenciei uma cena que modificou radicalmente minha vida. Foi num almoço com um empresário respeitado e bem mais velho que eu. O encontro foi na própria empresa. Ele não tinha tempo para almoçar com a família em casa, nem com os amigos num restaurante. Os amigos tinham de ir até ele. Seus olhos estavam estranhos. Achei até que vi uma lágrima no olho esquerdo. "Bobagem minha", pensei. Homens não choram especialmente na frente dos outros. 

Mas, durante a sobremesa, ele começou a chorar copiosamente. Fiquei imaginando o que eu poderia ter dito de errado. Supus que ele tivesse se lembrado dos impostos pagos no dia. "Minha filha vai se casar amanhã", disse sem jeito, "e só agora a ficha caiu. Percebo que mal a conheci. Conheço tudo sobre meu negócio, mal conheço minha própria filha. Dediquei todo o tempo à minha empresa e me esqueci de me dedicar à família." Voltei para casa arrasada. Por meses, me lembrava dessa cena e sonhava com ela. Prometi a mim mesmo e a minha esposa que nunca aceitaria seguir uma carreira assim. Colocar a família em primeiro lugar não é uma proposição tão aceita por aí. Normalmente, a grande discussão é como conciliar família e trabalho. Será que dá? 

O cinema americano vive mostrando o clichê do executivo atarefado que não consegue chegar a tempo para a peça de teatro da filha ou ao campeonato mirim de seu filho. Ele se atrasou justamente porque tentou conciliar trabalho e família. Só que surgiu um imprevisto de última hora, e a cena termina com o pai contando uma mentira ou dando uma desculpa esfarrapada. Se tivesse colocado a família em primeiro lugar, esse executivo teria chegado a tempo. Teria levado pessoalmente a criança ao evento. 

Teria dado a ela o suporte psicológico necessário nos momentos de angústia que antecedem um teatro ou um jogo. A questão é justamente essa. Se você, como eu e a grande maioria das pessoas, tem de conciliar família com amigos, trabalho, carreira ou política, é imprescindível determinar quem você coloca em primeiro lugar. Colocar a família em primeiro lugar tem um custo com o qual nem todos podem arcar. Implica menos dinheiro, fama e projeção social. Muitos de seus amigos poderão ficar ricos, mais famosos que você e um dia olhá-lo com desdém. Nessas horas, o consolo é lembrar um velho ditado que define bem por que priorizar a família vale à pena: "Nenhum sucesso na vida compensa um fracasso no lar." 

Qual o verdadeiro sucesso de ter um filho drogado por falta de atenção, carinho e tempo para ouvi-lo no dia-a-dia? De que adianta ser um executivo bem-sucedido e depois chorar durante a sobremesa porque não conheceu sequer a própria filha? O lar constitui o cadinho redentor das almas. Merece nosso investimento em recursos de afeto, compreensão e boa vontade, a fim de dilatar os laços da estima. Os que compõem o lar são o marcos vivo das primeiras grandes responsabilidades do Espírito encarnado. Assim, acima de todas as contingências de cada dia, compete-nos ser o cônjuge generoso e o melhor pai, o filho dedicado e o companheiro benevolente. Afinal, na família consangüínea, temos o teste permanente de nossas relações com toda a Humanidade. 

Redação do Momento Espírita, baseado no artigo de Stephen Kanitz, Revista Veja, seção Ponto de vista, de 20 de fevereiro de 2002 e no cap. 19 do livro Conduta Espírita, do Espírito André Luiz, Psicografia de Waldo Vieira, Ed. FEB. 




A Figueira que secou 

Conhecida passagem do Evangelho narra que Jesus teve fome e foi buscar alimento junto a uma figueira que se encontrava ao longe. Nela chegando, achou apenas folhas, visto não ser tempo de figos. Então, o Messias disse à figueira que ninguém dela comesse fruto algum. No dia seguinte, Jesus e os apóstolos passaram novamente pelo local e viram que a figueira secara até à raiz. 

Esse trecho da Boa Nova costuma causar perplexidade. Afinal, enseja espanto que o amoroso e sábio Messias tenha se agastado com uma árvore. Especialmente porque não era mesmo tempo de frutos. Contudo, do evento é possível extrair um raciocínio coerente com o conjunto da mensagem cristã. O cerne da questão não parece residir em uma espécie vegetal destituída de vontade. O ponto chave a se considerar é o hábito humano tão comum de esperar a situação perfeita para agir no bem. 

É como se os homens esperassem, à semelhança de uma árvore, a estação perfeita para darem frutos. Enquanto todos os fatores não se associam, eles persistem ociosos, quando não reclames. Alguns aguardam ficarem ricos para abrir um pouco a bolsa em favor dos miseráveis. Outros afirmam que a falta de um grande amor a amargura. Somente após encontrar quem lhes corresponda ao ideal é que poderão compreender o semelhante. Quem tem filhos alega que só poderá doar de si quando eles crescerem. Os empregados não têm atividades de benemerência por alegada falta de tempo. 

Já os desempregados, embora com tempo, se afirmam sem sossego. Sempre há um motivo para não ser útil ao semelhante. Entretanto, talvez a ocasião perfeita jamais surja. Enquanto isso, o tempo passa. O perigo é um belo dia se descobrir ressequido. De tanto fugir das oportunidades de trabalho, tornar-se alguém inútil e profundamente egoísta. A Providência Divina movimenta tantos recursos em favor de Suas criaturas! Antes de se afirmar impossibilitado de atender ao convite da fraternidade, conte suas bênçãos. 

Muitas vezes você nem percebe a enormidade das graças que ordinariamente recebe. Saúde, família, emprego, inteligência, amigos... São tantos os tesouros que repousam em suas mãos! Pense nos desafortunados do mundo e se tome de gratidão por estar na condição de quem pode servir. Manifeste essa gratidão no amparo aos semelhantes. Onde e como lhe for possível, movimente suas mãos no bem. Se você buscar desculpas para permanecer inerte, certamente as encontrará. Mas se desejar ser útil, as oportunidades se multiplicará em seu caminho. Não seja semelhante à figueira da passagem evangélica. Você dispõe de livre-arbítrio e pode criar as melhores condições de amparar, compreender e perdoar. 

Pense nisso! 


(Redação do Momento Espírita) 











Agora Nós Somos Luz!

Agora nós somos LUZ!

É inegável que a nossa igreja está tomando novos rumos, renascendo e descobrindo uma amplitude nova para tudo o que já sabíamos ou pensávamos saber. Devemos isso ao nosso Líder espiritual, Kyoshu-Sama, que nos surpreendeu desde o primeiro momento e revelou uma Obra Divina quase irreconhecível para quem está buscando sintonia com a Nova Era.

Ele trouxe, para perto de nós, o que estávamos buscando num mundo invisível e inatingível. Ele nos mostrou que o Deus que estávamos procurando em algum lugar distante está vivo em nosso interior e que a construção do Paraíso nada mais é do que a nossa própria reconstrução, rumo a nos tornarmos, novamente, seres paradisíacos. Mais do que isso, Kyoshu-Sama nos fez despertar para o fato de que esse Paraíso já está pronto dentro de cada um de nós, e que nossa missão é simplesmente deixá-lo expandir-se e, assim envolver o maior número de pessoas possível com sua LUZ. 

Com suas orientações, sempre amplificadas e detalhadas pelo Revmo. Tetsuo Watanabe, o Líder Espiritual vem nos ensinando a pensar em sintonia com a Era do Dia. Mas o que isso significa, realmente? 

A Verdadeira Transição

Madrugada de 15 de Junho de 1931. No templo Nihon-ji, Meishu-Sama e alguns seguidores se preparavam para cumprir uma missão que ele havia recebido de Deus subir ao topo do Monte Nokoguiri. Quando o grupo alcançou o cume do monte, o Sol despontava no horizonte. Emocionados, todos, em uníssono, entoaram com o mestre a oração Amatsu- Norito. Naquele momento, Meishu-Sama intuiu que um fato misterioso estava acontecendo o mundo espiritual estava entrando numa nova era de luz e que, a partir daquele dia, esta mudança iria, progressivamente, manifestar-se no mundo material.

Meishu-Sama chamou esse acontecimento misterioso de “Transição da Era da Noite para a era do Dia”. Segundo ele, a cada dia 15 de junho, a intensidade da luz irradiada do mundo espiritual iria aumentar sendo essa uma condição indispensável para a concretização do Plano de Deus a transformação deste mundo num Paraíso. Nós nos acostumamos a pensar que tanto essa transição para uma nova era de luz como o estabelecimento do Paraíso na Terra eram fatos que não tinham relação direta conosco. A primeira estava acontecendo no mundo espiritual, é nós não tínhamos a menor idéia de onde ele ficava.

Transformar a Terra num Paraíso era o Plano de Deus que iria acontecer de qualquer jeito e nós mesmos querendo, não poderíamos ajudar nem atrapalhar. Foi então que Kyoshu-Sama abriu nossos olhos para uma realidade completamente nova. Ele nos ensina que a transição das trevas para a luz é algo que acontece em cada um de nós, a todo instante. E que nós podemos optar por continuar vivendo na era da noite ou adequar nosso sonen a uma nova Era de Luz. Depende de nós. Por intermédio do Líder Espiritual, Deus e Meishu-Sama está nos mostrando qual é o melhor caminho.

Conforme nos orientou Kyoshu-Sama, chegou o tempo em que isso é possível. Ao realizar a “Transição da Noite para o Dia”, Deus nos considera como pessoas já perdoadas. Por este motivo, precisamos acreditar sinceramente no perdão Divino, aceitá-lo, pois assim brotará em nós a verdadeira consciência do ser paradisíaco. Essa consciência é que Meishu-Sama está esperando de todos nós. O verdadeiro perdão Divino nada mais é que reconhecermos que existe um Paraíso em nossa alma. Somos nossa alma! Assim precisamos nos aceitar, e com gratidão e humildade, buscar evoluir no amor nas práticas altruístas, projetando e expandindo esse Paraíso para todos que nos rodeiam por meio de nossas ações. 

Sonen da Era da Luz

Todos os dias nossos pensamentos, palavras e atos experimentam a alternância entre momento de trevas e de Luz. Será que é tão difícil manter, a maior parte do tempo, um sonen alinhado com a Nova Era? Talvez não... Leti é uma menininha que morava com os pais e os irmãos, bem perto de uma comunidade muito festeira. No carnaval, as pessoas que ali viviam atravessavam as noites cantando, dançando e soltando rojões. Isso incomodava muito o pai dela. Ele procurava suportar o que considerava “um inferno” até que um dia, quando tomavam o café da manhã, a barulheira recomeçou. “Vamos para algum lugar tranqüilo! Se ficar aqui vou acabar maluco com esse barulho”! Esbravejou o pai de Leti. De repente, ele olhou para a garotinha e ela estava balançando o corpo, no ritmo do samba. Ela disse: “Olha, papai que música gostosa dá vontade de dançar, não dá?” A família inteira achou engraçada e passou a prestar atenção á música, que antes era apenas barulho, com os olhos e com o sentimento de Leti.

Quando percebi, todos nós estávamos dançando até eu! Tudo porque mudamos nosso foco, nosso sentimento, entramos numa vibração de Paraíso, saindo daquele nível de inferno que nós mesmos tínhamos criado. “Naquela manhã, minha filhinha me ensinou uma grande lição a importância de mantermos sempre nosso sonen sintonizado com a Era de Luz”, conta o pai de Leti, missionário da Igreja. Ela estava ouvindo a mesma coisa que eu. A diferença era que, para mim, aquilo era um inferno e para ela luz alegria. Percebi que m se tivesse saído de casa naquele momento, eu estaria apenas tentando fazer uma pequena reforma no meu inferno interior, ao invés de deixar brilhar e expandir o Paraíso que também estava dentro de mim e que eu estava sufocando. 

Depois disso, quando alguém me procurava para receber orientação, dizendo que estava sofrendo e que, por mais que se esforçasse, não conseguia superar os problemas, eu sempre dizia: “Você ainda está agindo com um sonen, com um sentimento da Era da Noite. Por isso, ao invés de procurar criar um Paraíso á sua volta e em você, está perdendo tempo tentando reformar o seu inferno particular. Por esse motivo não sai dessa condição, porque por mais arrumadinho que tudo fique,ainda continua sendo só um inferno arrumadinho. 

Reformar o nosso inferno interior
Pode até ajudar um pouco, por algum tempo.
Mas inferno reformado nunca
Vai sempre ser inferno.

Nós somos assim. Podemos permanecer nas trevas ou podemos nos transformar em Luz. Podemos ampliar o Paraíso que já está pronto em nosso interior, ou insistir em fazer pequenas reformas no nosso “inferno” diário, mantendo as coisas ao nosso redor com características da Era da Noite.

No dia 9 de Junho, no Culto do Paraíso Terrestre, em Guarapiranga, que tal comemorarmos o início de uma nova era para cada um de nós? Um novo tempo em que, guiados por Kyoshu-Sama, possamos mostrar a Meishu-Sama que uma luz mais forte já brilha em nós, está influenciando a vida de muitas pessoas com que temos contato e fazendo de nós pioneiros na sua salvação? Que tal nos preparar, nesses poucos dias que faltam, para mostrar ao Messias que nós já conseguimos ampliar um pouco o Paraíso que ele já concretizou em nós? 

Um Poeta, um dia, cantou: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Nós também não seremos mais do mesmo jeito. Porque se antes nós éramos noite, Agora, nós somos Luz!



Fonte: Revista IZUNOME
N.65 – Maio/2013 – São Paulo/SP.
IMMB – Secretaria de Expansão

Agora, nós somos Luz!

Orientação do Líder Espiritual (Kyoshu-Sama)